Biomarcadores de câncer

Por Jason Wasserman MD PhD FRCPC
2 de Setembro de 2024


Biomarcadores de câncer

Um biomarcador de câncer é uma substância no corpo de uma pessoa que fornece informações sobre o câncer. Pode ser um gene, proteína ou outro tipo de molécula, e pode ser produzido por células cancerígenas ou células normais em resposta ao câncer. Esses biomarcadores podem ser encontrados em várias partes do corpo, incluindo o sangue, tecido normal ou dentro de um tumor em si. Os biomarcadores de câncer oferecem insights valiosos sobre as características de um câncer que uma pessoa já tem ou indicam seu risco de desenvolver câncer no futuro. Os médicos usam esses biomarcadores para identificar os tratamentos mais eficazes, adaptar terapias a pacientes individuais e, às vezes, tomar medidas preventivas para reduzir o risco de câncer.

Como os biomarcadores do câncer são usados?

Os biomarcadores de câncer podem desempenhar um papel crítico em sua jornada médica, desde a avaliação de risco inicial até o diagnóstico, planejamento do tratamento e monitoramento de recorrência. Esses testes podem fornecer insights valiosos em diferentes estágios do seu tratamento, ajudando você e seus médicos a tomar decisões informadas adaptadas à sua condição específica. Entender como esses biomarcadores são usados ​​pode ajudar você a navegar melhor em seu tratamento e nas etapas de sua equipe de saúde para gerenciar seu câncer.

Estimativa do risco de câncer

Testes de biomarcadores que estimam o risco de desenvolver câncer são frequentemente realizados em indivíduos com histórico familiar de câncer ou condições genéticas conhecidas que aumentam o risco de câncer. Por exemplo, um teste para mutações BRCA1 ou BRCA2 pode ser realizado em alguém com histórico familiar de câncer de mama ou ovário. Se uma mutação for encontrada, essa informação pode levar a uma vigilância maior, como mamografias ou exames de ressonância magnética mais frequentes, ou medidas preventivas como cirurgia profilática para remover tecido mamário ou ovariano. O objetivo é reduzir o risco de desenvolver câncer ou detectá-lo em um estágio inicial e mais tratável.

Triagem

Os testes de triagem de biomarcadores detectam o câncer em seus estágios iniciais antes que os sintomas apareçam. Um exemplo típico é o teste de PSA (antígeno prostático específico) usado para rastrear o câncer de próstata em homens. Este teste pode ser realizado regularmente em homens acima de uma certa idade ou naqueles com fatores de risco para câncer de próstata. Níveis elevados de PSA podem levar a mais testes, como uma biópsia, para determinar se o câncer está presente. A detecção precoce por meio da triagem pode levar a um tratamento mais precoce, o que pode melhorar os resultados.

O diagnóstico diferencial

Quando um paciente tem um tumor, os testes de biomarcadores podem ajudar a determinar o tipo exato de câncer, especialmente quando os cânceres parecem semelhantes sob o microscópio. Por exemplo, se um paciente tem um linfoma, imuno-histoquímica pode ser realizado para testar CD20, uma proteína encontrada na superfície de células específicas de linfoma. Os resultados podem ajudar a distinguir entre diferentes tipos de linfoma, o que é crucial porque diferentes tipos podem exigir tratamentos diferentes. O diagnóstico preciso garante que o paciente receba a terapia mais apropriada.

Determinação do prognóstico de uma doença

Os testes de biomarcadores podem fornecer informações sobre o quão agressivo é um câncer e o provável resultado. Por exemplo, um teste para Ki-67, uma proteína associada à proliferação celular, pode ser realizada em uma amostra de tumor. Altos níveis de Ki-67 indicam que as células cancerígenas estão se dividindo rapidamente, o que pode sugerir um tumor mais agressivo com maior risco de disseminação. Essas informações podem ajudar os médicos a determinar quão intensamente o câncer deve ser tratado, como se o paciente pode se beneficiar de uma quimioterapia mais agressiva.

Previsão de resposta a tratamentos específicos

Certos testes de biomarcadores preveem o quão bem um câncer pode responder a tratamentos específicos. Por exemplo, o teste para mutações no gene EGFR pode ser feito em um paciente com câncer de pulmão. Se uma mutação EGFR for encontrada, o paciente pode ser tratado com terapias direcionadas como erlotinibe, projetadas especificamente para inibir a atividade da proteína mutada. Essa abordagem pode ser mais eficaz e menos tóxica do que a quimioterapia tradicional porque atinge as células cancerígenas com mais precisão.

Monitoramento para recorrência da doença

Após um paciente ter concluído o tratamento, testes de biomarcadores podem ser usados ​​para monitorar sinais de que o câncer pode estar retornando. Por exemplo, um paciente tratado para câncer de ovário pode fazer exames de sangue regulares para medir os níveis de CA-125, uma proteína que pode ser elevada quando o câncer está presente. Se os níveis de CA-125 começarem a aumentar, isso pode indicar uma recorrência do câncer, solicitando mais testes ou uma mudança na estratégia de tratamento.

Monitoramento de doença metastática

Em pacientes com câncer conhecido, os testes de biomarcadores podem ajudar a rastrear a disseminação da doença para outras partes do corpo. Por exemplo, os níveis de CEA (antígeno carcinoembrionário) podem ser monitorados ao longo do tempo no câncer colorretal. Se os níveis de CEA aumentarem, isso pode sugerir que o câncer se espalhou para outros órgãos, como o fígado ou os pulmões. Essas informações podem orientar decisões sobre a realização de testes de imagem adicionais ou a alteração do plano de tratamento para abordar metastático doença.

Estratificação de risco

Os testes de biomarcadores também podem ajudar a classificar os pacientes em grupos de risco, orientando as decisões de tratamento. Por exemplo, um teste para PD-L1 a expressão pode ser realizada em câncer de pulmão. Pacientes com alta expressão de PD-L1 podem ter mais probabilidade de responder a medicamentos de imunoterapia como pembrolizumabe. Saber o status de PD-L1 de um paciente pode ajudar os médicos a decidir se devem incluir a imunoterapia no plano de tratamento, potencialmente melhorando as chances do paciente de um resultado bem-sucedido.

Os biomarcadores do câncer são a mesma coisa que a medicina de precisão?

Biomarcadores de câncer e medicina de precisão estão intimamente relacionados, mas não são a mesma coisa. Medicina de precisão é uma maneira de personalizar o tratamento com base nas características individuais de cada paciente, o que geralmente inclui o uso de biomarcadores de câncer. Enquanto os biomarcadores fornecem informações específicas sobre o câncer, a medicina de precisão usa essas informações para criar um plano de tratamento que tem mais probabilidade de funcionar para aquele paciente específico.

Todos os relatórios de câncer incluem biomarcadores?

Nem todos os relatórios de câncer incluirão informações sobre biomarcadores. Se os biomarcadores serão incluídos no seu relatório depende de vários fatores, incluindo o tipo de câncer que você tem, o estágio da doença e o plano de tratamento específico que está sendo considerado. Em alguns casos, especialmente para cânceres em estágio inicial ou cânceres tratados apenas com cirurgia, o teste de biomarcadores pode não ser necessário. No entanto, o teste de biomarcadores pode ser crucial para orientar as decisões de tratamento para outros tipos de câncer, particularmente aqueles que são mais avançados ou têm características específicas. Seu médico determinará se o teste de biomarcadores é apropriado com base no seu caso.

Como é realizado o teste de biomarcadores de câncer?

Vários testes estão disponíveis para identificar biomarcadores de câncer, cada um adequado para tipos específicos de câncer e os biomarcadores particulares que estão sendo avaliados. A escolha do teste no seu caso dependerá do tipo de câncer que você tem e das informações que seu médico precisa para orientar seu tratamento. Entender os vários métodos de teste pode ajudá-lo a apreciar melhor como sua equipe de saúde está trabalhando para fornecer o diagnóstico mais preciso e o plano de tratamento eficaz.

Imuno-histoquímica (IHC)

Imunohistoquímica é uma técnica que usa anticorpos para detectar proteínas específicas em amostras de tecido. Uma pequena amostra de tumor é tratada com anticorpos que se ligam à proteína alvo, e uma mudança de cor indica a presença da proteína. Este teste é frequentemente escolhido porque permite que os médicos vejam exatamente onde a proteína está localizada dentro do tecido, o que pode ser importante para diagnosticar certos tipos de câncer. Por exemplo, o IHC pode ser usado para detectar receptor de estrogênio (ER) expressão no câncer de mama, ajudando a determinar se o tumor é ER-positivo e provavelmente responderá à terapia hormonal. Em um relatório de patologia, os resultados dos testes IHC são geralmente descritos como positivos ou negativos, às vezes com uma porcentagem indicando a proporção de células que mostram a proteína.

Hibridização in situ fluorescente (FISH)

PEIXE é uma técnica que detecta sequências específicas de DNA dentro das células usando sondas fluorescentes que se ligam a essas sequências. Este teste é frequentemente realizado quando há necessidade de detectar anormalidades genéticas, como amplificações, deleções ou rearranjos de genes. Por exemplo, o FISH pode ser usado para detectar rearranjos de genes ALK no câncer de pulmão, o que pode identificar pacientes que podem se beneficiar de terapias direcionadas como o crizotinibe. O FISH é selecionado em vez de outros testes quando a localização precisa de alterações genéticas dentro das células é importante. Os relatórios de patologia geralmente descrevem os resultados do FISH como positivos ou negativos para a alteração genética específica que está sendo testada.

Sequenciamento de próxima geração (NGS)

Sequenciamento de próxima geração (NGS) é uma técnica poderosa que analisa múltiplos genes simultaneamente, identificando mutações, deleções, inserções e outras alterações genéticas no genoma. A NGS é frequentemente escolhida quando um perfil genético abrangente de um tumor é necessário, especialmente em cânceres onde múltiplos genes podem estar envolvidos. Por exemplo, a NGS pode ser realizada em uma amostra de câncer de pulmão para identificar simultaneamente mutações em EGFR, KRAS e outros genes. Essa abordagem abrangente pode orientar decisões de tratamento identificando todos os alvos potenciais para terapia. Em relatórios de patologia, os resultados da NGS podem incluir uma lista das mutações encontradas, com informações sobre seu possível impacto no câncer e opções de tratamento.

Reação em cadeia da polimerase (PCR)

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma técnica que amplifica sequências específicas de DNA, facilitando a detecção de mutações ou outras alterações genéticas. A PCR é frequentemente usada ao testar mutações específicas e conhecidas, como a mutação BRAF V600E em melanoma. A PCR é escolhida por sua sensibilidade e capacidade de detectar pequenas quantidades de DNA mutado em uma amostra. Em relatórios de patologia, os resultados da PCR geralmente são positivos ou negativos para a mutação específica que está sendo testada.

Citogenética/Cariótipo

Citogenética, incluindo cariótipo, é o estudo dos cromossomos nas células. O cariótipo envolve a coloração dos cromossomos e seu exame em um microscópio para identificar grandes alterações, como cromossomos ausentes ou extras ou anormalidades estruturais como translocações. Este teste é frequentemente usado em cânceres do sangue, como leucemia, onde alterações cromossômicas podem ter implicações prognósticas e terapêuticas significativas. Por exemplo, a presença do cromossomo Filadélfia na leucemia mieloide crônica (LMC) pode indicar a necessidade de terapia direcionada com medicamentos como o imatinibe. Em relatórios de patologia, os resultados da citogenética são normalmente descritos em termos das anormalidades cromossômicas específicas detectadas, com detalhes sobre como essas anormalidades podem influenciar o prognóstico ou o plano de tratamento.

Que tipos de câncer são testados para biomarcadores?

O teste de biomarcadores é essencial no diagnóstico e tratamento de muitos tipos de câncer. Embora nem todos os cânceres exijam testes de biomarcadores, certos cânceres têm mais probabilidade de estar associados a biomarcadores específicos que podem fornecer informações valiosas sobre o comportamento da doença e como ela pode responder ao tratamento. A seguir estão exemplos de tipos de câncer em que o teste de biomarcadores é comumente usado para ajudar a orientar decisões clínicas.

Câncer de mama

O câncer de mama é um dos cânceres mais comuns em mulheres. Os biomarcadores comumente testados no câncer de mama incluem RE (receptor de estrogênio), PR (receptor de progesterona), e mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Por exemplo, pacientes com câncer de mama ER-positivo podem se beneficiar de terapia hormonal que tem como alvo o receptor de estrogênio.

Câncer de pulmão

O câncer de pulmão é uma das principais causas de mortes relacionadas ao câncer. Biomarcadores biomarcadores como mutações EGFR, rearranjos ALK e PD-L1 expressão são comumente testadas em câncer de pulmão. Esses biomarcadores ajudam a orientar o tratamento com terapias direcionadas, como erlotinibe para mutações de EGFR e pembrolizumabe para alta expressão de PD-L1.

O câncer colorretal

O câncer colorretal é o terceiro câncer mais comum no mundo. Os biomarcadores testados no câncer colorretal incluem KRAS, NRAS, IRMÃO mutações e instabilidade de microssatélites (MSI). Mutações KRAS, por exemplo, podem prever se o câncer responderá a terapias direcionadas específicas.

cancro do ovário

O câncer de ovário é frequentemente diagnosticado em estágio avançado. Biomarcadores como CA-125 e mutações BRCA1 e BRCA2 são comumente testados. Esses biomarcadores ajudam a orientar decisões de tratamento e monitorar a recorrência.

Câncer de próstata

O câncer de próstata é um dos cânceres mais comuns em homens. Os níveis de PSA são rotineiramente testados para rastrear o câncer de próstata. Além disso, mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 podem fornecer informações sobre o risco e prognóstico.

Melanoma

Melanoma é um tipo agressivo de câncer de pele. Biomarcadores como IRMÃO e NRAS mutações são comumente testadas. Mutações BRAF, particularmente a mutação V600E, podem ser alvos de medicamentos como vemurafenib.

linfoma

linfoma é um câncer do sistema imunológico. Os biomarcadores comuns testados no linfoma incluem a expressão de proteínas como CD20, CD30, e BCL2 e rearranjos no gene MYC. Esses biomarcadores podem ajudar a determinar o tipo de linfoma e orientar o tratamento.

Câncer de tireoide

O câncer de tireoide é geralmente um câncer de crescimento lento, mas alguns tipos podem ser mais agressivos. Os biomarcadores testados no câncer de tireoide incluem IRMÃO mutações, rearranjos RET/PTC e níveis de tireoglobulina. Mutações BRAF, por exemplo, são comumente encontradas em câncer de tireóide papilar.

Câncer de estômago (gástrico)

O câncer de estômago é uma causa significativa de mortalidade por câncer. Os biomarcadores testados no câncer gástrico incluem HER2 expressão, instabilidade de microssatélites (MSI) e mutações PIK3CA. O câncer gástrico HER2-positivo pode responder à terapia direcionada com trastuzumabe.

Câncer de pâncreas

O câncer de pâncreas é frequentemente diagnosticado em estágio avançado e tem um prognóstico ruim. Biomarcadores como KRAS mutações, deleções de CDKN2A e perda de SMAD4 são comumente testadas. Mutações de KRAS, por exemplo, estão presentes em muitos cânceres pancreáticos e ajudam a orientar decisões de tratamento.

Leucemia

Leucemia é um grupo de cânceres do sangue que afetam a medula óssea e o sangue. Biomarcadores com valor prognóstico ou preditivo na leucemia incluem mutações nos genes FLT3, NPM1 e TP53 e translocações cromossômicas como o cromossomo Filadélfia na leucemia mieloide crônica (LMC). Esses biomarcadores ajudam a determinar o tipo de leucemia, prever o quão agressiva a doença pode ser e orientar o tratamento.

Câncer do endométrio

O câncer endometrial é o tipo mais comum de câncer do útero. Os biomarcadores comumente testados no câncer endometrial incluem instabilidade de microssatélites (MSI), mutações nos genes PTEN e PIK3CA e expressão do estrogênio e progesterona receptores. Esses biomarcadores podem fornecer informações importantes sobre o tipo de câncer endometrial e orientar decisões de tratamento.

Câncer cervical

A cervical é frequentemente associada à infecção por papilomavírus humano (HPV). Os biomarcadores testados no câncer cervical incluem o status do HPV, p16 expressão de proteína e mutações no gene PIK3CA. O teste de HPV ajuda a identificar a presença de tipos de vírus de alto risco que estão associados a uma maior probabilidade de desenvolver câncer cervical.

Cânceres do SNC (sistema nervoso central)

Os cânceres do SNC incluem uma variedade de tumores que ocorrem no cérebro e na medula espinhal. Os biomarcadores comumente testados em cânceres do SNC incluem mutações IDH1/2, status de co-deleção 1p/19q, metilação do promotor MGMT e mutações da histona H3. Esses biomarcadores ajudam a classificar os tumores do SNC e a orientar as estratégias de tratamento.

Câncer de bexiga

O câncer de bexiga é um câncer comum que afeta o sistema urinário. Os biomarcadores testados no câncer de bexiga incluem mutações FGFR3, HER2 amplificação, e PD-L1 expressão. Esses biomarcadores podem ajudar a orientar o tratamento, especialmente em pacientes avançados ou metastático doença.

Cancêr de rins

O câncer renal geralmente surge no córtex renal. Os biomarcadores comumente testados no câncer renal incluem mutações nos genes VHL, PBRM1 e BAP1 e expressão PD-L1. Esses biomarcadores podem ajudar a prever a resposta a terapias, incluindo imunoterapia.

Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST)

Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST) é um tipo de câncer que ocorre no trato digestivo, mais comumente no estômago ou intestino delgado. O teste de biomarcadores em GIST geralmente inclui a verificação de mutações no gene KIT, que estão presentes na maioria dos casos. A identificação de mutações KIT é essencial porque ajuda a orientar o tratamento com terapias direcionadas, como o imatinibe, projetado especificamente para inibir a proteína anormal produzida pelo gene KIT mutado.

Entendendo seus resultados

Os resultados descritos no seu relatório de patologia dependerão do teste ou testes específicos realizados. Esses resultados podem fornecer informações importantes sobre o tipo de câncer, quão agressivo ele pode ser e como ele pode responder ao tratamento. Entender esses resultados pode ajudar você e sua equipe de saúde a tomar decisões informadas sobre seus cuidados. A lista a seguir explica alguns dos tipos mais comuns de resultados e o que eles significam.

Mutação

Mutação se refere a uma mudança na sequência de DNA de um gene. Algumas mutações podem causar câncer ao fazer as células crescerem descontroladamente. Por exemplo, a mutação BRAF V600E é comumente encontrada no melanoma.

Variante

Variante se refere a uma mudança na sequência de DNA de um gene que pode ou não afetar como o gene funciona. Variantes podem ser classificadas como benignas (inofensivas), patogênicas (causadoras de doenças) ou de significância incerta (o que significa que ainda não está claro se são prejudiciais). Por exemplo, uma variante de significância incerta pode ser encontrada em um gene como BRCA1, o que significa que mais pesquisas são necessárias para determinar se a variante aumenta o risco de câncer.

eliminação

Deleção significa que uma seção do DNA está faltando. Deleções podem, às vezes, levar ao câncer se removerem partes essenciais de um gene. Por exemplo, a deleção do gene CDKN2A é frequentemente vista no câncer pancreático.

Amplificação

A amplificação ocorre quando há cópias extras de um gene. A amplificação do gene pode levar à produção de muita proteína, o que pode impulsionar o crescimento do câncer. Um exemplo é a amplificação do gene EGFR no câncer de pulmão, o que pode levar à superprodução da proteína EGFR.

Fusion

Fusão descreve uma situação em que dois genes diferentes se unem. Essa fusão pode criar uma nova proteína anormal que contribui para o desenvolvimento do câncer. Um exemplo é o gene de fusão BCR-ABL na leucemia mieloide crônica (LMC).

Rearranjo

Rearranjo se refere a uma mudança na ordem dos genes ou pedaços de genes. Isso pode interromper a função normal da célula e levar ao câncer. Por exemplo, o rearranjo do gene ALK é frequentemente visto em certos tipos de câncer de pulmão.

Perda

Perda indica que um gene ou parte de um gene está faltando. Essa perda pode remover funções essenciais que geralmente previnem o câncer. Um exemplo é a perda do gene PTEN em vários tipos de câncer, o que pode levar ao crescimento celular descontrolado.

Superexpressão

Superexpressão significa que um gene está produzindo muito de sua proteína. A superexpressão de certas proteínas pode fazer com que as células cancerígenas cresçam e se espalhem. Por exemplo, a superexpressão da proteína MYC é comumente vista em alguns tipos de linfoma.

Tipo selvagem

O tipo selvagem indica que o gene é normal e não tem mutações. O tipo selvagem significa que o gene está em seu estado original e inalterado. Por exemplo, um KRAS o tipo selvagem resulta em câncer colorretal, o que significa que o gene KRAS não tem mutações.

Biomarcadores comuns de câncer

Existem milhares de biomarcadores de câncer, e novos estão sendo descobertos diariamente. Os biomarcadores em seu relatório dependerão de muitos fatores, incluindo seu histórico médico, condições genéticas conhecidas e o tipo específico de câncer identificado. Abaixo está uma lista dos biomarcadores mais comumente testados e o que eles podem revelar sobre o câncer.

KRAS

KRAS é um gene que desempenha um papel crítico na regulação da divisão celular. Normalmente, o KRAS ajuda as células a crescerem e se dividirem de forma controlada. No entanto, mutações no KRAS podem fazer com que o gene fique constantemente ativo, levando ao crescimento celular descontrolado e ao câncer. Mutações no KRAS são comuns em cânceres colorretais, de pulmão e pancreáticos. Várias terapias direcionadas, como sotorasib e adagrasib, foram aprovadas para atingir mutações do KRAS especificamente.

NRAS

O NRAS é semelhante ao KRAS e está envolvido no crescimento e divisão celular. Normalmente, o NRAS funciona para ajudar a regular o crescimento e a divisão celular. No entanto, mutações no NRAS podem levar ao crescimento celular descontrolado, particularmente no melanoma e em alguns tipos de câncer no sangue. Existem terapias direcionadas limitadas para mutações do NRAS, mas pesquisas estão em andamento para desenvolver tratamentos eficazes.

EGFR

EGFR é uma proteína receptora que ajuda as células a crescer e se dividir. Em seu estado normal, EGFR regula o crescimento celular. No entanto, mutações em EGFR podem fazer com que as células cresçam descontroladamente, levando ao câncer. Mutações de EGFR são comumente vistas em câncer de pulmão, e terapias direcionadas como erlotinib e gefitinib são usadas para tratar cânceres com essas mutações.

ALK

ALK é um gene envolvido no desenvolvimento do sistema nervoso. Normalmente, ALK ajuda a regular o crescimento e o desenvolvimento de células nervosas. No entanto, rearranjos no gene ALK podem levar ao câncer, particularmente câncer de pulmão. Terapias direcionadas, como crizotinib e alectinibe, foram desenvolvidas para tratar cânceres com rearranjos ALK.

ROS1

ROS1 é um receptor tirosina quinase envolvido no crescimento celular. Normalmente, ROS1 ajuda a regular o crescimento e a sobrevivência celular. No entanto, rearranjos no gene ROS1 podem levar ao desenvolvimento de câncer, especialmente no câncer de pulmão. Terapias direcionadas, como crizotinib, são eficazes no tratamento de cânceres com rearranjos de ROS1.

RET

RET é um gene que desempenha um papel na sinalização e no crescimento celular. Normalmente, RET ajuda a regular vários processos celulares, incluindo crescimento e diferenciação. No entanto, mutações ou rearranjos no gene RET podem levar ao câncer, particularmente em cânceres de tireoide e pulmão. Terapias direcionadas, como selpercatinib e pralsetinib, tratam cânceres com alterações de RET.

TEM

MET é um receptor tirosina quinase que desempenha um papel no crescimento e sobrevivência celular. Em seu estado normal, MET ajuda as células a responderem a sinais de crescimento. No entanto, a amplificação genética ou mutações em MET podem levar ao câncer, particularmente em cânceres de pulmão e rim. Terapias direcionadas, como crizotinib e capmatinib, tratam cânceres com alterações de MET.

IRMÃO

BRAF é um gene envolvido no envio de sinais dentro das células que promovem o crescimento. Normalmente, BRAF ajuda a regular o crescimento celular transmitindo sinais da superfície celular para o núcleo. No entanto, mutações em BRAF, especialmente a mutação V600E, podem levar ao crescimento celular descontrolado e ao câncer. Mutações BRAF são comumente vistas em melanoma, colorretal e outros cânceres. Terapias direcionadas, como vemurafenib e dabrafenib, tratam cânceres com mutações BRAF.

Receptor de estrogênio (ER)

O receptor de estrogênio (ER) é uma proteína que se liga ao estrogênio, ajudando as células a crescer. Normalmente, o ER está envolvido na regulação do crescimento celular em resposta ao estrogênio. No entanto, em cânceres de mama ER-positivos, a presença do ER pode impulsionar o crescimento do câncer em resposta ao estrogênio. Terapias direcionadas, como o tamoxifeno, bloqueiam o receptor de estrogênio, impedindo que ele promova o crescimento do câncer.

Receptor de progesterona (PR)

O receptor de progesterona (PR) é uma proteína que se liga à progesterona e está envolvida no crescimento celular. Normalmente, o PR ajuda a regular o crescimento celular em resposta à progesterona. No entanto, em cânceres de mama PR-positivos, a presença de PR pode impulsionar o crescimento do câncer em resposta à progesterona. Terapias hormonais como o tamoxifeno também afetam os cânceres PR-positivos ao bloquear os receptores hormonais.

HER2

HER2 é um gene que codifica uma proteína envolvida no crescimento e reparo celular. Normalmente, HER2 ajuda as células a crescerem e se repararem. No entanto, quando o gene HER2 é amplificado, isso leva à superexpressão da proteína HER2, impulsionando o crescimento do câncer. A amplificação de HER2 é comumente vista no câncer de mama. Terapias direcionadas, como trastuzumabe (Herceptin), tratam cânceres HER2-positivos bloqueando a proteína HER2.

BRCA1 e BRCA2

BRCA1 e BRCA2 são genes que ajudam a reparar danos no DNA. Normalmente, esses genes estão envolvidos no reparo do DNA e na manutenção da estabilidade genética. No entanto, mutações em BRCA1 ou BRCA2 podem aumentar o risco de câncer de mama, ovário e outros. Inibidores de PARP, como o olaparib, são terapias direcionadas para tratar cânceres com mutações BRCA, explorando a incapacidade das células cancerosas de reparar danos no DNA.

PIK3CA

PIK3CA é um gene envolvido no crescimento e sobrevivência celular. Normalmente, PIK3CA desempenha um papel nas vias de sinalização que regulam o crescimento celular. No entanto, mutações em PIK3CA podem levar ao crescimento celular descontrolado e ao câncer, particularmente no câncer de mama. Terapias direcionadas, como alpelisib, são usadas para tratar cânceres com mutações PIK3CA.

NTRK

Os genes NTRK estão envolvidos no crescimento de células nervosas e ajudam a regular seu crescimento e desenvolvimento. No entanto, fusões envolvendo genes NTRK podem levar ao desenvolvimento de câncer em vários tecidos. Terapias direcionadas, como larotrectinibe e entrectinibe, tratam efetivamente cânceres com fusões de genes NTRK.

IDH

Os genes IDH codificam enzimas que estão envolvidas no metabolismo celular. Normalmente, as enzimas IDH ajudam a converter nutrientes em energia para a célula. No entanto, mutações em IDH1 e IDH2 podem levar à produção de metabólitos anormais que contribuem para o desenvolvimento do câncer, particularmente em gliomas e alguns cânceres do sangue. Terapias direcionadas, como ivosidenib e enasidenib, são usadas para tratar cânceres com mutações IDH, bloqueando a atividade da enzima mutada.

FGFR

Os genes FGFR codificam proteínas envolvidas no crescimento e divisão celular. Normalmente, as proteínas FGFR ajudam a regular vários processos celulares, incluindo o crescimento e a diferenciação celular. No entanto, mutações e fusões nos genes FGFR podem levar ao crescimento celular descontrolado e ao câncer, particularmente no câncer de bexiga. Terapias direcionadas, como o erdafitinibe, são usadas para tratar cânceres com alterações de FGFR, inibindo a atividade da proteína FGFR.

PTEN

PTEN é um gene supressor de tumor que ajuda a regular o crescimento celular, impedindo que as células cresçam e se dividam muito rapidamente. Normalmente, o PTEN atua como um freio no crescimento celular, garantindo que as células se dividam apenas quando necessário. No entanto, a perda da função do PTEN pode remover esse controle regulatório, levando ao crescimento celular descontrolado e ao desenvolvimento do câncer. A perda do PTEN é vista em vários tipos de câncer e, embora atualmente não haja terapias direcionadas especificamente para a perda do PTEN, sua presença pode influenciar as decisões de tratamento e a abordagem geral do gerenciamento do câncer.

KIT

KIT é um gene que codifica um receptor tirosina quinase, que desempenha um papel crítico no crescimento e diferenciação celular. Normalmente, KIT ajuda a regular o desenvolvimento de tipos específicos de células, incluindo aquelas no trato gastrointestinal. No entanto, mutações no gene KIT podem fazer com que ele fique constantemente ativo, levando ao crescimento celular descontrolado e ao desenvolvimento de tumores estromais gastrointestinais (GISTs). Terapias direcionadas, como o imatinib, tratam efetivamente GISTs com mutações KIT ao inibir a atividade da proteína KIT anormal.

PD-L1

PD-L1 (Programmed Death-Ligand 1) é uma proteína que desempenha um papel na regulação do sistema imunológico. Normalmente, PD-L1 ajuda a proteger células saudáveis ​​de serem atacadas pelo sistema imunológico. No entanto, no câncer, altos níveis de PD-L1 em ​​células tumorais podem ajudá-las a escapar do sistema imunológico, desligando células imunológicas que tentam atacá-las. A alta expressão de PD-L1 é frequentemente associada a uma melhor resposta à imunoterapia, pois o bloqueio da via PD-L1 pode restaurar a capacidade do sistema imunológico de atingir e destruir células cancerígenas. Medicamentos como pembrolizumabe e nivolumabe têm como alvo PD-L1 em ​​vários tipos de câncer, incluindo câncer de pulmão.

Reparo de incompatibilidade (MMR)

Os genes de reparo de incompatibilidade (MMR) corrigem erros que ocorrem durante a replicação do DNA. Normalmente, os genes MMR ajudam a manter a integridade do material genético corrigindo erros no DNA. No entanto, deficiências em MMR podem levar à instabilidade de microssatélites (MSI), que está associada a um risco aumentado de certos tipos de câncer, incluindo câncer colorretal. Medicamentos de imunoterapia, como o pembrolizumabe, são usados ​​para tratar cânceres com MSI, aumentando a capacidade do sistema imunológico de atingir células cancerígenas.

Carga mutacional tumoral (TMB)

Carga mutacional tumoral (TMB) refere-se ao número de mutações no DNA de um tumor. Uma TMB mais alta geralmente indica que o tumor tem muitas alterações genéticas, o que pode torná-lo mais reconhecível ao sistema imunológico. Tumores com TMB alta geralmente respondem melhor à imunoterapia, pois o número aumentado de mutações torna mais fácil para o sistema imunológico identificar e atacar as células cancerígenas. Imunoterapias como o pembrolizumabe são usadas para tratar cânceres com TMB alta.

Resumo

Entender o papel dos biomarcadores no câncer pode fornecer insights valiosos sobre seu relatório de patologia e plano de tratamento. Os biomarcadores são ferramentas poderosas que ajudam os médicos a adaptar os tratamentos à sua condição específica, oferecendo uma abordagem mais personalizada ao tratamento do câncer. Embora nem todos os relatórios incluam informações sobre biomarcadores, saber o que são e como são usados ​​pode ajudá-lo a tomar decisões mais informadas sobre sua saúde. Se você tiver alguma dúvida sobre os biomarcadores em seu relatório, não hesite em pedir mais esclarecimentos à sua equipe de saúde.

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